terça-feira, 29 de junho de 2010

Pra que serve uma relação?



Agora eu quero falar de amor... Chega de coisas tristes! Vou colocar aqui um texto do Drauzio Varela muito simples e que me tocou fundo. Ofereço a todas as pessoas que estão em uma relação por completo e que, como eu, esperaram até encontrar a pessoa certa para viver ao lado. Na verdade não sei explicar como identificar a pessoa certa, talvez a palavra que quero usar não seja essa. Mas o que quero dizer é que ofereço esse texto a todas pessoas que são felizes com quem escolheu e também para aquelas que ainda esperam encontrar um grande amor como eu encontrei, porque como diz um ditado popular "Pra toda tampa existe uma panela". Muito amor pra todos!!!! Também dedico as palavras ao meu amor e que ele saiba, mais uma vez, o quanto a nossa relação, que fará dois anos agora em julho, me faz feliz!!!

Pra que serve uma relação?

Definição mais simples e exata sobre o sentido de mantermos uma relação? Vou dar continuidade a esta afirmação porque o assunto é bom, e merece ser desenvolvido. Algumas pessoas mantém relações para se sentirem integradas na sociedade, para provarem a si mesmas que são capazes de ser amadas, para evitar a solidão, por dinheiro ou por preguiça. Todos fadados à frustração. Uma armadilha.

Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.

Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo, enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio, sem que nenhum dos dois se incomode com isso.

Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada uma pessoa bonita a seu modo.

Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.

Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem o corpo um do outro, quando o cobertor cair.

Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.

Dr.Drauzio Varela

terça-feira, 22 de junho de 2010

Revolta

Estou assustada com as atitudes cruéis de algumas pessoas. Ler os jornais, assistir aos noticiários e trabalhar em um jornal tem sido, muitas vezes, doloroso. Domingo à noite estava vendo TV quando me chamou a atenção uma entrevista com o pescador que estuprou duas filhas menores de idade e teve sete filhos com uma delas, no Maranhão.

O homem é um monstro, como tantos outros que aparecem por aí todos os dias cometendo atos como este, abomináveis. O repórter perguntava as coisas para ele, que respondia na maior calma, como se os crimes que ele cometeu fossem coisas normais. Teve um momento em que o repórter perguntou para o maníaco: "você começou a estuprar sua filha quando ela tinha 12 anos? e ele respondeu, indignado, "não!! Ela tinha 13 anos!" e o repórter emendou, "Mesmo assim, ela era uma criança. Você acha que faz diferença?" e o monstro respondeu: "Claro que faz!".

Esse "ser", primeiro violentou uma das filhas, que fugiu grávida dele. Depois começou a violentar a outra filha, que deixava isolada, num lugar horroroso, que não se pode chamar de casa e teve sete filhos com ela. Um menino tem deficiência mental e duas meninas, uma de apenas 8 anos, também tinham marcas de violência sexual, que com com certeza foram provocadas pelo pai-avô. Fui dormir revoltada e com medo.

Hoje fui ler o jornal e me deparo com a matéria sobre o estupro de duas meninas por um outro maníaco, que atirou na cabeça de uma delas e a violentou mesmo ferida, em Goiânia. Quando eu li aquilo, tanta monstruosidade, senti vergonha de viver no mesmo mundo que este tipo de gente.

Mais tarde eu vi na TV a notícia de que a garota que levou o tiro tinha morrido, depois de passar um tempo sofrendo na UTI. Senti uma tristeza tão grande, uma pena dela e da família... E senti também revolta. Lembrei de tantos outros casos como do maníaco de Luziânia e da garota que entrevistei no Cevam uma vez. Ela começou a ser violentada pelo pai com 5 anos e, depois que ele foi preso, a mãe passou a oferecê-la para os milhares de tarados que existem por aí. A garota me contava tudo com os olhos cheios d'água e eu lá, engasgada, chocada, sem saber o que dizer, o que perguntar, que comentário fazer... Na verdade eu tinha vontade de vomitar. Estou mais uma vez chocada e sempre vou ficar ao ver a crueldade desses criminosos, o que pra mim é incompreensível.

E essa sensação de que ninguém pode fazer nada e que a polícia também não faz nada, que essas pessoas estão em todo lugar, que vão aos mesmos shoppings, padarias, enfim, aos mesmos lugares que eu e todas as pessoas do bem é horrível. Qualquer um pode ser a próxima vítima desses psicopatas. Dá medo, arrepios, e revolta, muita revolta.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Viver é uma regra

Amanhã acabam as minhas férias e depois de passar o mês todo comendo muuito sem pensar (especialmente na semana em que viajei para o Resort na Bahia, no qual eu comia e bebia praticamente o tempo todo) hoje eu surtei depois de ouvir durante a semana uma overdose de críticas e comentários maldosos em relação à minha forma física, já que engordei dois quilos. Vocês devem estar pensando que eu estou exagerando, pois o que são apenas dois quilos a mais na vida de uma pessoa? Vocês devem estar achando que sou louca. Mas não. Simplesmente todas as pessoas que convivem comigo (pai, mãe, irmãos, tios) estão me chamando de gorda e dando palpites o tempo todo no que eu devo ou não comer e isso tem me deixando deprimida.

Os dois quilos a mais estão fazendo uma grande diferença mesmo no meu corpo, pois eu nunca cheguei a esse peso na minha vida e quando isso acontece chama a atenção. Mesmo deixando claro que eu tenho consciência de que eu preciso emagrecer, que eu nunca fui gorda e já ter aderido a um regime para resolver isso as pessoas insistem em me lembrar que eu virei uma bola. E aí vem a parte que mais me irrita. A maioria das pessoas que estão me criticando estão não apenas dois quilos mais gordas, mas muito mais. Mas elas falam, porque o certo é ser magro e esta é a regra e ponto.

Coincidentemente eu participei de um torneio de tênis no sábado e as pessoas estavam presentes no jogo, que eu perdi, e o comentário depois das caras feias foi de que eu não consigo correr porque estou gorda e que a minha adversária ganhou de mim porque estava mais preparada e sarada... Agora eu pergunto: quem tinha que estar chateada com a derrota era eu, e eu mesma nem estava ligando, eu queria mesmo quando entrei no toneio participar de um jogo de verdade e só. Porque vencer é o certo? Por que estar magrinha é o certo? Por que as pessoas cobram tanto das outras algo como sendo certo se elas não sabem se a outra pessoa também acha isso certo? Onde está escrito e quem foi a santa pessoa que criou essas regras que a gente é obrigado a cumprir o tempo todo?

Por isso resolvi publicar um texto que recebi por e-mail esses dias e que exemplifica muito bem essa questão, espero que gostem como eu gostei.

Posso Errar?
Por Leila Ferreira

Há pouco tempo fui obrigada a lavar meus cabelos com o xampu “errado”. Foi num hotel, onde cheguei pouco antes de fazer uma palestra e, depois de ver que tinha deixado meu xampu em casa, descobri que não havia farmácia nem shopping num raio de 10 quilômetros. A única opção era usar o dois-em-um (xampu com efeito condicionador) do kit do hotel. Opção? Maneira de dizer. Meus cabelos, superoleosos, grudam só de ouvir a palavra “condicionador”. Mas fui em frente. Apliquei o produto cautelosamente, enxaguei, fiz a escova de praxe e... surpresa! Os cabelos ficaram soltos e brilhantes — tudo aquilo que meus nove vidros de xampu “certo” que deixei em casa costumam prometer para nem sempre cumprir. Foi aí que me dei conta do quanto a gente se esforça para fazer a coisa certa, comprar o produto certo, usar a roupa certa, dizer a coisa certa — e a pergunta que não quer calar é: certa pra quem? Ou: certa por quê?

O homem certo, por exemplo: existe ficção maior do que essa? Minha amiga se casou com um exemplar da espécie depois de namorá-lo sete anos. Levou um mês para descobrir que estava com o marido errado. Ele foi “certo” até colocar a aliança. O que faz surgir outra pergunta: certo até quando? Porque o certo de hoje pode se transformar no equívoco monumental de amanhã. Ou o contrário: existem homens que chegam com aquele jeito de “nada a ver”, vão ficando e, quando você se assusta, está casada — e feliz — com um deles.

E as roupas? Quantos sábados você já passou num shopping procurando o vestido certo e os sapatos certos para aquele casamento chiquérrimo e, na hora de sair para a festa, você se olha no espelho e tem a sensação de que está tudo errado? As vendedoras juraram que era a escolha perfeita, mas talvez você se sentisse melhor com uma dose menor de perfeição. Eu mesma já fui para várias festas me sentindo fantasiada. Estava com a roupa “certa”, mas o que eu queria mesmo era ter ficado mais parecida comigo mesma, nem que fosse para “errar”.

Outro dia fui dar uma bronca numa amiga que insiste em fumar, apesar dos problemas de saúde, e ela me respondeu: “Eu sei que está errado, mas a gente tem que fazer alguma coisa errada na vida, senão fica tudo muito sem graça. O que eu queria mesmo era trair meu marido, mas isso eu não tenho coragem. Então eu fumo”. Sem entrar no mérito da questão — da traição ou do cigarro —, concordo que viver é, eventualmente, poder escorregar ou sair do tom.

O mundo está cheio de regras, que vão desde nosso guarda-roupa, passando por cosméticos e dietas, até o que vamos dizer na entrevista de emprego, o vinho que devemos pedir no restaurante, o desempenho sexual que nos torna parceiros interessantes, o restaurante que está na moda, o celular que dá status, a idade que devemos aparentar. Obedecer, ou acertar, sempre é fazer um pacto com o óbvio, renunciar ao inesperado.

O filósofo Mario Sergio Cortella conta que muitas pessoas se surpreendem quando constatam que ele não sabe dirigir e tem sempre alguém que pergunta: “Como assim?! Você não dirige?!”. Com toda a calma, ele responde: “Não, eu não dirijo. Também não boto ovo, não fabrico rádios — tem um punhado de coisas que eu não faço”. Não temos que fazer tudo que esperam que a gente faça nem acertar sempre no que fazemos. Como diz Sofia, agente de viagens que adora questionar regras: “Não sou obrigada a gostar de comida japonesa, nem a ter manequim 38 e, muito menos, a achar normal uma vida sem carboidratos”. O certo ou o “certo” pode até ser bom. Mas às vezes merecemos aposentar régua e compasso.

Leila Ferreira é jornalista, apresentadora de TV e autora do livro Mulheres – Por que será que elas..., da Editora Globo.